Será que se suporta melhor a tristeza de todos? - BIOGRAFIAS ERÓTICAS
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Será que se suporta melhor a tristeza de todos?

...Ou a felicidade de alguns?

A Mafalda conta ao "Biografias Eróticas" como tem sido:

Como outras, esta frase era dita pelo meu pai, com pouca escola, mas sensível, pensante, de valores, ao contrário da minha mãe, prática, que dizia, se há fome e miséria, os valores vêm no fim, ele, jardineiro de uma câmara, ela, mulher a dias.

O meu pai foi-se, deixou os pensamentos e a pobreza, e a minha mãe encarregue de mudar o meu destino, acho que até o meu nome ela estudou, "Mafalda", encaixava no perfil dos patrões dela, o caminho que para mim queria, ser rica pelo casamento com um deles, a rezar que saísse bonita.

E saí, o plano dela de inicio, era insinuar-me aos ricos, percebê-los nas suas fraquezas, dar-lhes o que queriam ouvir, a uma patroa pedia pra me ensinar a falar, a outra ensinar a vestir, a outra a comportar-me, para no fim, à última, convencê-la a casar.

E foi assim que a filha de uma mulher a dias e de um jardineiro casou com o filho de um proprietário de terras, um latifundiário rico, daqueles que acham que o mundo é deles, que nada mais existe à sua volta, aquele ar que faz de todos todos iguais, fiéis ao seu próprio estereotipo, de meninos bens felizes que têm tudo, e que com os anos que passavam, cada vez mais me enojavam.

É uma merda isto de ter nascido pobre, um ferrete que se me alojou na alma, maior juiz do tribunal da minha consciência, que me dá olhos para ver, o egoísmo e a arrogância, de quem se acha relevante quando na realidade não o é.
Imagem de Arthur Halucha por Pixabay
Que pecado o da minha mãe, queria que fosse rica, deu-me foi mais miséria, troquei o meu amor que tinha, por coisa que não é nada, que me envergonha e me enerva, gente que não vale nada, que não se envergonha do que tem, goza com quem nada tem, que entra num sitio perguntando, "quem é que está aqui a mais pode sair?", e logo a seguir dizer "quem não pode ser, não pode entrar".

Foi por isso que voltei ao meu amor antigo, encontrei a Susana por acaso, numa tarde ensolarada "então como estás? já tens filhos?", "dois", disse-lhe, "mas não estou grande coisa, gostavas de sair um dia?", "gostava", disse-me.

Pelas tardes deste último mês, deixo para trás a propriedade ignóbil, do planeta à parte, conduzo em direcção da casa do meu amor, quando passo o túnel, ponho pisca à direita, encosto, saio e levo com um clarão de sol, sinto-me a entrar na realidade, a das pessoas de carne e osso, as que sofrem e vivem com pouco.

Em casa da Susana, ela está como a deixei, sozinha à espera de mim, um desgosto que levei comigo, quando me casei com uma pessoa de camisa branca de linho, que olha muito para o umbigo, ele e a família sem a noção de que outras pessoas existem.

Se soubessem que eu tenho feito amor todas as tardes com a Susana, chamar-me-iam de "fufa", mas não se sentiriam traídos, porque marialvas só são encornados por outros homens.

Beijo-a toda como regressasse ao passado, sou homem e mulher dela, beijo-lhe o peito, o ventre, os lábios da vagina, entrego-me a ela, e amantes, vimo-nos.

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