junho 2016 - BIOGRAFIAS ERÓTICAS
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O amor natural de Carlos Drumond de Andrade

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O amor natural de Carlos Drumond de Andrade
Guardados durante anos, os poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade estão reunidos nesta excepcional colectânea. O Amor Natural é uma obra inquietante, pois revela uma face nova, mais despojada, porém extremamente fascinante, do poeta. São textos repletos de vida e sensualidade, onde o autor se introverte ao mesmo tempo em que se expõe, desbravando o corpo enquanto busca, na fluidez e sensualidade da linguagem, a própria nudez da alma.


Quase todos os poemas encontrados aqui são inéditos, à exceção de uns poucos publicados em revistas eróticas durante a década de setenta. Apesar de muitos deles terem servido de base para uma tese sobre o erotismo drummondiano, o autor optou por guardá-los em segredo, confiando aos seus herdeiros a tarefa de publicá-los após a sua morte.

Embora o senso de humor e a leveza — traços marcantes do estilo do autor — estejam presentes em toda a obra, o elemento mais forte é, sem dúvida, a paixão, a sensualidade à flor da palavra. Como define Affonso Romano de Sant’Anna, as palavras às vezes copulam semanticamente, e o que encontramos nestas páginas é o êxtase poético de um autor que, ao mergulhar fundo em suas próprias sensações, desnuda também o leitor, que se vê frente a frente com as suas próprias contradições ao pensar nos limites entre o erótico e o pornográfico, o sexo e o amor.




AMOR — POIS QUE É PALAVRA ESSENCIAL

Amor — pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu contemplados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o clímax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.


A MOÇA MOSTRAVA A COXA
                                          Visu, colloquio  
Contactu, basio  
Frui virgo dederat; Sed aberat  
Linea posterior  Et melior  Amori.  
(Carmina Burana)

A moça mostrava a coxa,
a moça mostrava a nádega,
só não me mostrava aquilo
— concha, berilo, esmeralda —
que se entreabre, quatrifólio,
e encerra o gozo mais lauto,
aquela zona hiperbórea,
misto de mel e de asfalto,
porta hermética nos gonzos
de zonzos sentidos presos,
ara sem sangue de ofícios,
a moça não me mostrava.
E torturando-me, e virgem
no desvairado recato
que sucedia de chofre
à visão dos seios claros,
sua pulcra rosa preta
como que se enovelava,
crespa, intata, inacessível,
abre-que-fecha-que-foge,
e a fêmea, rindo, negava
o que eu tanto lhe pedia,
o que devia ser dado
e mais que dado, comido.
Ai, que a moça me matava
tornando-me assim a vida
esperança consumida
no que, sombrio, faiscava.
Roçava-lhe a perna. Os dedos
descobriam-lhe segredos
lentos, curvos, animais,
porém o máximo arcano,
o todo esquivo, noturno,
a tríplice chave de urna,
essa a louca sonegava,
não me daria nem nada.
Antes nunca me acenasse.
Viver não tinha propósito,
andar perdera o sentido,
o tempo não desatava
nem vinha a morte render-me
ao luzir da estrela-d’alva,
que nessa hora já primeira,
violento, subia o enjôo
de fera presa no Zôo.
Como lhe sabia a pele,
em seu côncavo e convexo,
em seu poro, em seu dourado
pêlo de ventre! mas sexo
era segredo de Estado.
Como a carne lhe sabia
a campo frio, orvalhado,
onde uma cobra desperta
vai traçando seu desenho
num frêmito, lado a lado!
Mas que perfume teria
a gruta invisa? que visgo,
que estreitura, que doçume,
que linha prístina, pura,
me chamava, me fugia?
Tudo a bela me ofertava,
e que eu beijasse ou mordesse,
fizesse sangue: fazia.
Mas seu púbis recusava.
Na noite acesa, no dia,
sua coxa se cerrava.
Na praia, na ventania,
quanto mais eu insistia,
sua coxa se apertava.
Na mais erma hospedaria
fechada por dentro a aldrava,
sua coxa se selava,
se encerrava, se salvava,
e quem disse que eu podia
fazer dela minha escrava?
De tanto esperar, porfia
sem vislumbre de vitória,
já seu corpo se delia,
já se empana sua glória,
já sou diverso daquele
que por dentro se rasgava,
e não sei agora ao certo
se minha sede mais brava
era nela que pousava.
Outras fontes, outras fomes,
outros flancos: vasto mundo,
e o esquecimento no fundo.
Talvez que a moça hoje em dia…
Talvez. O certo é que nunca.
E se tanto se furtara
com tais fugas e arabescos
e tão surda teimosia,
por que hoje se abriria?
Por que viria ofertar-me
quando a noite já vai fria,
sua nívea rosa preta
nunca por mim visitada,
inacessível naveta?
Ou nem teria naveta…


EM TEU CRESPO JARDIM, ANÊMONAS CASTANHAS

Em teu crespo jardim, anêmonas castanhas
detêm a mão ansiosa: Devagar.
Cada pétala ou sépala seja lentamente
acariciada, céu; e a vista pouse,
beijo abstrato, antes do beijo ritual,
na flora pubescente, amor; e tudo é sagrado.


A BUNDA, QUE ENGRAÇADA

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora — murmura a bunda — esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,
redunda.


O CHÃO É CAMA

O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.

E para repousar do amor, vamos à cama.


A LÍNGUA LAMBE

A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,

entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.


MIMOSA BOCA ERRANTE

Mimosa boca errante
à superfície até achar o ponto
em que te apraz colher o fruto em fogo
que não será comido mas fruído
até se lhe esgotar o sumo cálido
e ele deixar-te, ou o deixares, flácido,
mas rorejando a baba de delícias
que fruto e boca se permitem, dádiva.

Boca mimosa e sábia,
impaciente de sugar e clausurar
inteiro, em ti, o talo rígido
mas varado de gozo ao confinar-se
no limitado espaço que ofereces
a seu volume e jato apaixonados,
como podes tornar-te, assim aberta,
recurvo céu infindo e sepultura?

Mimosa boca e santa,
que devagar vais desfolhando a líquida
espuma do prazer em rito mudo,
lenta-lambente-lambilusamente
ligada à forma ereta qual se fossem
a boca o próprio fruto, e o fruto a boca,
oh chega, chega, chega de beber-me,
de matar-me, e, na morte, de viver-me.

Já sei a eternidade: é puro orgasmo.


BUNDAMEL BUNDALISBUNDACOR BUNDAMOR

Bundamel bundalis bundacor bundamor
bundalei bundalor bundanil bundapão
bunda de mil versões, pluribunda unibunda
                      bunda em flor, bunda em al
                      bunda lunar e sol
                      bundarrabil

Bunda maga e plural, bunda além do irreal
arquibunda selada em pauta de hermetismo
                        opalescente bun
                        incandescente bun
meigo favo escondido em tufos tenebrosos
a que não chega o enxofre da lascívia
e onde
a global palidez de zonas hiperbóreas
concentra a música incessante
do girabundo cósmico.

Bundaril bundilim bunda mais do que bunda
bunda mutante/renovante
que ao número acrescenta uma nova harmonia.
Vai seguindo e cantando e envolvendo de espasmo
o arco de triunfo, a ponte de suspiros
a torre de suicídio, a morte do Arpoador
                  bunditálix, bundífoda
bundamor bundamor bundamor bundamor.


QUANDO DESEJOS OUTROS É QUE FALAM

Quando desejos outros é que falam
e o rigor do apetite mais se aguça,
despetalam-se as pétalas do ânus
à lenta introdução do membro longo.
Ele avança, recua, e a via estreita
vai transformando em dúlcida paragem.

Mulher, dupla mulher, há no teu âmago
ocultas melodias ovidianas.


A CARNE É TRISTE DEPOIS DA FELAÇÃO

A carne é triste depois da felação.
Depois do sessenta-e-nove a carne é triste.
É areia, o prazer? Não há mais nada
após esse tremor? Só esperar
outra convulsão, outro prazer
tão fundo na aparência mas tão raso
na eletricidade do minuto?
Já se dilui o orgasmo na lembrança
e gosma
escorre lentamente de tua vida.


A OUTRA PORTA DO PRAZER

A outra porta do prazer,
porta a que se bate suavemente,
seu convite é um prazer ferido a fogo
e, com isso, muito mais prazer.

Amor não é completo se não sabe
coisas que só amor pode inventar.
Procura o estreito átrio do cubículo
aonde não chega a luz, e chega o ardor
de insofrida, mordente
fome de conhecimento pelo gozo.


ESTA FACA

“Esta faca
foi roubada no Savóia”
“Esta colher
foi roubada no Savóia”
“Este garfo…”

Nada foi roubado no Savóia.
Nem tua virgindade: restou quase perfeita
entre manchas de vinho (era vinho?) na toalha,
talvez no chão, talvez no teu vestido.

O reservado de paredes finas
forradas de ouvidos
e de línguas
era antes prisão que mal cabia
um desejo, dois corpos.

O amor falava baixo. Os gestos
falavam baixo. Falavam baixíssimo
os copos, os talheres. Tua pele
entre cristais luzia branca.

A penugem rala
na gruta rósea
era quase silêncio.
Saíamos alucinados.

No Savóia nada foi roubado.


NO PEQUENO MUSEU SENTIMENTAL

No pequeno museu sentimental
os fios de cabelos religados
por laços mínimos de fita
são tudo que dos montes hoje resta,
visitados por mim, montes de Vênus.

Apalpo, acaricio a flora negra,
e negra continua, nesse branco
total do tempo extinto
em que eu, pastor felante, apascentava
caracóis perfumados, anéis negros,
cobrinhas passionais, junto do espelho
que com elas rimava, num clarão.

Os movimentos vivos no pretérito
enroscavam-se nos fios que me falam
de perdidos arquejos renascentes
em beijos que da boca deslizavam
para o abismo de flores e resinas.

Vou beijando a memória desses beijos.


O QUE O BAIRRO PEIXOTO

O que o Bairro Peixoto
sabe de nós, e esqueceu!

Rua Anita Garibaldi
e Rua Siqueira Campos.
(Francisco Braga,
Décio Vilares
nos espiando,
fingem que não?)

O calçadão na penumbra
andança que vai e volta
voltivai
a derivar para o túnel
em busca do hímen?
Volta:
banco de praça. Bambus.
Bambuzal de brisa em ais.

O bardo e a garota amavam-se
nas guerras da Dependência.
Seria brinco de amor
ou era somente brinco.

5 de Julho (fronteira
do reino escuro)
à face
de casas desprevinidas
jogávamos nos jardins
e nas caixas de correio
volumes indesculpáveis
de alheias dedicatórias
pedacinhos.

Se salta o cachorro? Credo.
Saltam quinhentos mastins.
Ganem a traça
de amor sem regulamento.
Prende mata esfola queima.
Viu? É dentro de mim, é dentro
do bardo que estão ganindo.

Bobeira de bobo besta.
Passa de nove mil horas,
urge voltar ao sacrário
de virgem.
Só mais um tiquinho. Não.
Sou eu, rei sábio, que ordeno.
Ri. Rimos de mim. Ficamos.

Dedos entrelaçados
e desejos geminados
no parque tão pueril.
Praça Edmundo, olá,
Bittencourt de berros brabos.
Se acaso nos visse aos beijos
babados, reincidentes,
protestava no jornal?

Menina mais sem juízo
rindo riso sem motivo
no jogo de diminutivos,
sabe o que estamos fazendo?
Amor.
Não é nada disso. Apenas
primícias cálidas. Calo-me.

Viajar nos seios. Embaixo.
Por trás.
Se vou mais longe, quem vai
me segurar?
Se fico por aqui mesmo,
quem vem
me resserenar?

Passo vinte anos depois
no mesmo Bairro Peixoto.
Ele que a tudo assistia,
nada lembra, no sol posto,
deste episódio canhoto.


AS MULHERES GULOSAS

As mulheres gulosas
que chupam picolé
— diz um sábio que sabe —
são mulheres carentes
e o chupam lentamente
qual se vara chupassem,
e ao chupá-lo já sabem
que presto se desfaz
na falácia do gozo
o picolé fuginte
como se esfaz na mente
o imaginário pênis.


PARA O SEXO A EXPIRAR

Para o sexo a expirar, eu me volto, expirante.
Raiz de minha vida, em ti me enredo e afundo.
Amor, amor, amor — o braseiro radiante
que me dá, pelo orgasmo, a explicação do mundo.

Pobre carne senil, vibrando insatisfeita,
a minha se rebela ante a morte anunciada.
Quero sempre invadir essa vereda estreita
onde o gozo maior me propicia a amada.

Amanhã, nunca mais. Hoje mesmo, quem sabe?
enregela-se o nervo, eisvai-se-me o prazer
antes que, deliciosa, a exploração acabe.

Pois que o espasmo coroe o instante do meu termo,
e assim possa eu partir, em plenitude o ser,
de sêmen aljofrando o irreparável ermo.

Excerto Erótico do livro "O Mundo do Sexo" - Henry Miller

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Excerto Erótico do livro "O Mundo do Sexo" - Henry Miller
Henry Miller (1891-1980) foi um escritor norte-americano, autor de obras consideradas pornográficas e subversivas, entre eles: "Trópico de Câncer" e "Trópico de Capricórnio".
Em 1934, publicou “Trópico de Câncer”, mas a obra foi considerada “literatura pornográfica e subversiva”, tendo a sua distribuição sido proibida em alguns países da Europa e também nos Estados Unidos. Foi rotulado como “escritor maldito”.
"Com esse novo amor, a batalha dos sexos teve início sob um clima de grande ansiedade. O talento musical da moça, que foi o elemento de atracção inicial, passou logo a segundo plano. 



Ela era uma puta lasciva, histérica e puritana, cuja vagina estava escondida sob um monte de pêlos encrespados que, juro, lembravam os pêlos de uma vassoura. (...).

Artes eróticas de Catarina, a Grande da Rússia

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Artes eróticas de Catarina, a Grande da Rússia
Lia há dias um post sobre a vida de Catarina da Rússia a Grande e a forma como se relacionou com os homens, isto porque, o jovem Grão Duque Pedro, o herdeiro do trono imperial, não dava conta do recado.

Não sei, dizem-me, sinceramente não me vou dar ao trabalho de investigar, que a mulher nasceu em 1729 na Polónia e em 1744 foi levada para a Rússia para se casar com o dito.


Fala a lenda, o mais certo verdadeira, que o jovem Pedro nos primeiros sete anos do casamento passou o tempo com soldados e cães e não demonstrou nenhum interesse sexual por Catarina.

Não sei se haverá dados históricos sobre isso, mas um jovem promessa de imperador passar a maior parte do seu tempo com soldados e cães, descuidando a mulher Catarina ou outras mulheres bonitas, deve dar que pensar.

Diz-se é que o príncipe tinha uma deficiência física, um prepúcio muito apertado, ou seja, a pele que cobre o pénis não passava pela cabeça, não ia para trás, o que fazia que a coisa, pelo menos à frente, não funcionasse bem, daí, um certo desinteresse pelo sexo com a Catarina e outras mulheres.

A dada altura, e isto é um facto histórico, a imperatriz Isabel, mãe do jovem Grão Duque, sabendo que a nora não era devidamente acompanhada pelo filho, devia ser fresca ela, deu mesmo autorização para que Catarina da Rússia pudesse ter um amante.

Diabo, apesar de imperatriz, ela também era mulher, e devia saber o que custa sete anos no deserto sem direito a uma fodinha. E, certamente, muito esperta também, devia saber o que custaria em termos de imagem do jovem Pedro e do império saber-se que não estava a dar conta do recado e se calhar, não se sabe, andava a brincar com soldados.

E assim Catarina não foi de modas, parece que arranjou logo um amante que a comeu e a engravidou. Ela combinada com a sogra, imperatriz Isabel, lá disse primeiro ao jovem Pedro que a criança era filho dele, e parece que o parvo apesar de não molhar o bico acreditou.

Soube-se depois que Pedro lá foi circuncidado, cortaram-lhe o prepúcio, mas a coisa nunca foi grande coisa, faltava-lhe experiência coisa que os sucessivos amantes de Catarina tinham aos montes e que a ela nunca mais faltou.

E parece que fez mais, não me atrevo a pensar que seria só por sexo, embora ele comande boa parte, senão quase tudo, nas nossas vidas, Catarina decidiu despachá-lo, já o Pedro era agora Imperador Pedro III da Rússia, para governar sozinha.

Parece que o Pedro, apesar de ter agora mais responsabilidades, continuava um miúdo, demasiado infantil e irracional, se calhar mais virado para os soldados, e decidiu então com um dos seus amantes matá-lo e assim foi.

E foi assim que uma polaca fodilhona, governando a Rússia de 1762 até à sua morte em 1796, assumiu o trono da Rússia sozinha sendo o seu período de governação conhecido como a “idade de ouro da Rússia”, o seu governo apoiado em bases iluministas, e ela uma grande mecenas das artes, ciências e da educação.

O extraordinário Museu Hermitage começou com a colecção privada da própria Imperatriz. Ela mesmo escreveu livros, inclusive sua auto-biografia, além de apoiar os trabalhos para a realização da primeira Enciclopédia, de Voltaire, Diderot e d' Lambert.

Catarina tinha mais ou menos os mesmos gostos do marido assassinado, que era os jovens soldados que recebia numa área especial do seu quarto onde recebia os amantes.




Um dos primeiros foi Gregory Orlov que os mexericos da corte diziam que possuía “um excelente equipamento”, “inacreditável resistência” e “um apetite insaciável por sexo”.

MENOS ROTINA E MAIS PRAZER

22:03 0
MENOS ROTINA E MAIS PRAZER
Nem todas as fantasias são eróticas, mas o erotismo é sempre fantasioso porque depende da invenção e do jogo. Peço que leiam este livro sem preconceitos nem sentimentos de culpa porque, como dizia Buñuel, «na imaginação não há delito» e, pelo contrário, crime é a pessoa refugiar-se na rotina.

Para o sexólogo Havelock Ellis, é até uma prática aconselhável ler um texto picante: «Nós, os adultos, temos necessidade da literatura obscena do mesmo modo que as crianças precisam dos contos de fadas, para nos libertarmos da força das convenções.» 

Se, no campo da literatura erótica, o leitor não foi muito mais longe do que da indubitável carga morbífica contida na narração de Branca de Neve e os Sete Anões, aqui poderá avançar para novas e inesperadas fronteiras sensoriais através de um amplo catálogo de indecências. 

Ser-lhe-ão muito úteis para o inspirarem, o excitarem, o fazerem rir, o surpreenderem e, até, o escandalizarem. 

Encontrará aqui, sobretudo, ideias para aumentar o gozo, próprio e alheio. 

Roser Amills, com muito sentido de humor e meticulosidade, disseca e classifica as fantasias de mil personalidades célebres. (as 1001 fantasias mais eróticas)

E o leitor, se me permite o conselho, deveria ultrapassar a fascinação inicial do entomólogo e deixar-se inspirar pelos prazeres carnais aqui referidos. Verá então com que facilidade vai dar rédea solta à sua imaginação mais abrasadora.

Susanna Griso
Comunicadora

EROTISMO E HUMANISMO

22:25 0
EROTISMO E HUMANISMO
Imaginar e erotizar para ser e possuir.

Nós, os humanos, construímos a nossa consciência de espécie através de aquisições realizadas na nossa evolução. 

Estas foram biológicas, etológicas e culturais. A síntese evolutiva baseada naquilo de que somos feitos e a integração do que nos faz tal como somos.

O erotismo, uma manifestação da sensibilidade sexual, encontra-se entre a abstracção e a realidade do sexo social, e é desta maneira que se constitui em imaginação dialéctica.

Não seríamos humanos sem o erotismo, a subtilidade não seria uma propriedade destacada da nossa espécie. 

Plutarco tinha sem dúvida razão: o erotismo é a desobediência da razão.

Eudald Carbonell
Especialista em evolução humana

O AMOR EM VISITA, de Herberto Helder

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O AMOR EM VISITA, de Herberto Helder

Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra
e seu arbusto de sangue. Com ela
encantarei a noite.
Dai-me uma folha viva de erva, uma mulher.
Seus ombros beijarei, a pedra pequena
do sorriso de um momento.
Mulher quase incriada, mas com a gravidade
de dois seios, com o peso lúbrico e triste
da boca. Seus ombros beijarei.

Cantar? Longamente cantar,
Uma mulher com quem beber e morrer.
Quando fora se abrir o instinto da noite e uma ave
o atravessar trespassada por um grito marítimo
e o pão for invadido pelas ondas,
seu corpo arderá mansamente sob os meus olhos palpitantes
ele - imagem inacessível e casta de um certo pensamento
de alegria e de impudor.

Seu corpo arderá para mim
sobre um lençol mordido por flores com água.
Ah! em cada mulher existe uma morte silenciosa;
e enquanto o dorso imagina, sob nossos dedos,
os bordões da melodia,
a morte sobe pelos dedos, navega o sangue,
desfaz-se em embriaguez dentro do coração faminto.
- Ó cabra no vento e na urze, mulher nua sob
as mãos, mulher de ventre escarlate onde o sal põe o espírito,
mulher de pés no branco, transportadora
da morte e da alegria.