fevereiro 2017 - BIOGRAFIAS ERÓTICAS
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A arte erótica japonesa - a Shunga

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A arte erótica japonesa - a Shunga
Não é estranho que o português ou, talvez mesmo, o japonês, tenham palavras tão comuns e com um sentido tão relacionado. Agora descobri a Shunga e pensei no termo Chungaria tão reservado e tão católico.

Shunga (春画) é um termo japonês para arte erótica. A maioria é um tipo de ukiyo-e (vulgarmente também conhecido como estampa japonesa, é um género de xilogravura e pintura que prosperou no Japão entre os séculos XVII e XIX.), normalmente impresso a partir de blocos de madeira.

Destinava-se inicialmente ao consumo pela classe mercante do período Edo (1603 – 1867). Entre as mais populares temáticas abordadas, estão a beleza feminina; o teatro kabuki; os lutadores de sumo; cenas históricas e lendas populares; cenas de viagem e paisagens; fauna e flora; e pornografia.

Três anos depois da batalha de Sekigahara, conhecida como Divisão do Reino, teve início o período Edo no Japão. Governado pelos xoguns da família Tokugawa, o Edo Bakufu — outro nome para o momento histórico — começou na cidade de Edo, atual Tóquio.

Durante os 268 anos de relativa paz, o país vivia um momento de isolamento político-económico, em um sistema de feudos, e de valorização das artes. Foi nessa época que o teatro kabuki, a pintura em madeira e a arte do chá ganharam maior expressividade. 

Junto delas, a Shunga surgiu para se tornar a arte erótica japonesa.

Traduzido literalmente, a palavra Japonesa shunga significa imagem de primavera; "primavera" é um eufemismo comum para sexualidade.

O movimento ukiyo-e no geral procurava expressar uma idealização da vida contemporânea e apelar a nova classe chōnin.

Seguindo a estética da vida no dia a dia, a shunga do período Edo variava largamente nas suas representações de sexualidade. Como um tipo de ukiyo-e, era apreciada por todos os grupos sociais, apesar de desagradar o shogunato.

Quase todos os artistas ukiyo-e fizeram shunga algures nas suas carreiras.

A Shunga foi largamente influenciada por ilustrações de manuais de medicina chinesa no período muromachi (1336 a 1573).

Pensa-se que Zhou Fang, um pintor erótico da dinastia chinesa Tang, também foi uma influência. Ele, assim como muitos pintores eróticos do seu tempo de lá, tendia a exagerar o tamanho dos órgãos genitais, uma característica shunga.

Enquanto o significado literal da palavra "shunga" é importante, é na verdade um abreviamento de shunkyū-higi-ga (春宮秘戯画), expressão japonesa para conjuntos chineses de 12 pergaminhos com representações dos 12 atos sexuais que o príncipe herdeiro tinha de cometer como expressão yin yang.


Os artistas shunga representam cenas de sexo explícitas, procurando capturar as expressões de êxtase e prazer. 

A grande maioria das obras retratam o sexo entre homens e mulheres, mas também existem aquelas com um homem e várias mulheres, ou de homens com homens e até de humanos com animais e espíritos. 

Nelas, o sexo homoafetivo é comum e muito aceito, ainda que o padrão fosse o sexo hétero. 

Independentemente dos protagonistas, uma característica das obras shunga era a forma como os órgãos genitais eram representados. Pénis aumentados e vaginas realistas eram detalhados em uma construção meticulosa.

Junto das cenas — que transbordam luxúria —, elementos textuais poderiam compor o sentimento de prazer. Era comum encontrar legendas representando o diálogo entre os amantes e até onomatopeias para expressões de prazer.

No entanto, por mais que as cenas fossem muito realistas, elas não necessariamente representavam a realidade dos hábitos sexuais no Japão do período Edo. A grande maioria das obras espelhava as fantasias das pessoas e, por esse motivo, é comum identificar outras pessoas nas cenas, observando o ato, ou mais participantes, conferindo orgias.


Além do objetivo de traduzir a sexualidade em imagens, a shunga também trazia aspectos humorísticos em suas construções. Era através desse género que os artistas interpretavam obras literárias e peças de teatro com um olhar erótico-satírico.

As pinturas shunga eram frequentemente encontradas em paródias de livros educativos femininos, por exemplo, exatamente por contarem com essa faceta irónica. Mesmo assim, também representavam um empoderamento feminino desconhecido na época.

Por mais que muitas mulheres fossem representadas em bordéis e casas de prostituição, a shunga posicionava imagens femininas no mundo dos homens. Em diversos momentos, as protagonistas das pinturas davam às mulheres o direito de serem sexualmente ativas, procurando pelo prazer sexual — algo comumente experienciado apenas por homens.