A Sal conta ao Biografias Eróticas como foi:
Tinha posto o meu livro de lado não há muito tempo. Os meus olhos mergulhavam agora no ecrã da televisão, sem atenção ou interesse, nos ouvidos um sentido único, zurziam-me as vozes de fantasmas idiotas e disformes presos nos seus egos infantis e nas suas manias, sem escola, sacrifício ou dor.
Pensava "escravos", quando ele me telefonou. O Mauro. Sei lá, acho que tinham passado cinco anos e de repente do nada regressava-me esta representação do passado.
Convém avisar confessionário que eu já fui homem e era o Salvador. E se hoje sou esta nova pessoa foi o Mauro que ma fez.
Conheci o Mauro quando fazia escala num aeroporto de fim-de-mundo para onde tinha ido como enfermeiro voluntário. Convém dizer também confessionário que eu já nasci com essa coisa interior de viver com uma mágoa solitária pelo sofrimento dos outros e por isso nunca consigo ter ou entender o que são férias, é estúpido, eu sei, mas é o que é.
Eu estava ali sozinho naquele inferno abrasador onde se sua por dentro e por fora, mente e corpo em alta tensão, e ele com uma amiga namorada não sei nem queria saber, a aguardarmos todos a ligação para regressarmos a Portugal.
Por momentos, penso que por falta de seres humanos no local, um silêncio quase lúgubre em que se ouviam ruídos de vento, objectos, chávenas a tinir, olhámos um para o outro, e não uma mas várias vezes.
Mais uma confissão confessionário hoje sou uma mulher, todos os meus amigos me reconhecem a beleza, mas antes como homem, dou o braço a torcer, era muito efeminado, e acho que foi isso, não sei, como uma explosão, que despertou qualquer coisa no Mauro, esse meu amor.
Levantei-me em direcção à casa de banho e vi logo os olhos vidrados dele presos ao meu rabo, às minhas pernas, corpo e tudo, e não passaram minutos, ele lá estava também. Sorri-lhe, olhei-lhe para os calções volumosos, alguma coisa que o afligia, a namorada dele lá fora, e a coisa aconteceu sem palavras sem pensamentos. Estendi-lhe a mão a oferecer-lha e ele agarrou-a.
Puxei-o para dentro do privado, baixei-lhe os calções e ali, naquele planeta esquecido e sem história, mamei-lhe o caralho e dei-lhe o cu.
Na viagem com mais uma escala em Madrid não tirávamos os olhos um do outro, e reconheço, fiquei logo apaixonada por ele querer dar-me outra vez a ele, mas a namorada a coisa não o deixava.
Corria-me no peito a ansiedade de o não mais ver, os transportes as viagens têm esse efeito interior, de o acaso nos oferecer o impossível, e o medo a cobardia o que podíamos dominar, deitar tudo a perder, deixar escapar o possível.
Vi-o forçar a ida à casa de banho com a dita namorada e fui atrás dele, num ambiente mais movimentado, do silêncio passáramos ao ruído e à vertigem, mas venci, deixei-lhe o meu contacto e um beijo.
Encontrá-mo-nos em Lisboa, passámos a andar juntos e nas vidas de cada um, meses sem fim, de amor que tinha por ele e ele, acho, que por mim, só que a mãe passou a fazer parte e a interferir, alguma coisa não estava bem com o Mauro, a namorada já tinha ido, e o tempo dele era agora passado comigo.
E o pior aconteceu!!! Um dia estávamos na casa dela, o Mauro era estudante e dependente, e já lhe tinha dito "amor deixa a tua mãe, vem viver comigo", só que ele empurrava, e só sei que ela entrou no quarto, sem licença ou aviso, estávamos os dois na cama, nus e abraçados, com ele a comer-me o cu.
Ali ficou embasbacada, o Mauro em cima de mim, o meu lindo rabo empinado, com o caralho teso a penetrar-me o ânus, cheios de tesão a custar-lhe parar, como aquelas máquinas que demoram tempo a desligar, até que começou aos gritos "Mauro Mauro o que estás a fazer filho, não foi para isto que te criei"
E o que é que podia acontecer, confessionário? Correu comigo, claro. Sai dali espavorido, como uma puta amante a fugir da principal, até nos voltarmos a ver depois, na minha casa e em outros locais. Mas nunca mais foi igual, eu sabia que vivíamos escondidos, numa relação que aguarda à espera de melhores dias, mas ela infernizava-lhe a vida "tens que arranjar uma mulher, tens que ter filhos", até que um dia desapareceu.
Até hoje, confessionário, passados cinco anos, telefona-me. E neste período fiz-me mulher, por ele, para o voltar a ter se aparecesse, transformei-me, tive alguns homens, muitos que me desejam todos os dias, que nem notam que eu já fui homem, mas confessionário, nenhum amor.
Telefonou-me e eu disse-lhe "amor estou no sitio de sempre à tua espera". Só não sei como vai ser agora.
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