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Ainda estava a sair de um casamento quando a conheci. Depois de viver meia vida com uma pessoa em que para nos lembrarmos do passado temos de nos esforçar muito para recordar os bons momentos, juntar-me agora com outra pessoa parecia a coisa mais louca do mundo, isto depois de ter pensado, agora que tens o papel assinado, daqui para a frente é só punhetas e putas.
E foi precisamente à procura de putas que me envolvi outra vez com outra mulher, já era tarde, eu tinha vagueado pela noite, como vagabundo à procura de norte, quando entrei naquele clube de strip.
Já tinha pensado nisso, se era só uma puta o que queria, um buraco para aliviar as tensões do dia, recorria a esses meios tecnológicos, deveria haver uma app de foda, algo de mais ou menos aparecia, algo impessoal levava o meu dinheiro, e eu ficava naquela agonia que ia ser assim para sempre.
Ora o que eu precisava era da companhia de corpos, de fumo de tabaco desagradável, de ruido de gente que gritava à volta, para se fazerem ouvir uns aos outros, sentei-me num canto mais afastado, e veio o empregado com a bebida, e fiz aquele papel de entendido, apesar de saber que ele nunca tinha me visto.
Depois o meu olhar fixou-se nela, ou melhor, os meus sentidos todos, ela pairava lânguida no varão da pista, uma cara tão pequena, mas tão perfeita, uns olhos vivos de raízes fundas, todos os meus órgãos abrandaram o ritmo, apenas o coração e o meu pau trabalhavam, numa concentração de interesses, de bombear sangue para o meu caralho teso.
Chamei o empregado, e tive até de me conter um pouco, por momentos senti-me frenético, sei lá, desesperado por ficar em último, e perguntei, “ali a dançarina, como faço para estar com ela’”, o empregado riu-se da minha inexperiência, “estar como?”, eu aproximei-me do ouvido, “estar com ela, dar uma foda”.
Acho que o empregado teve pena de mim, “aqui não é assim, há dançarinas que não fodem com ninguém, algumas têm maridos e família em casa, isto aqui é um emprego como qualquer outro”, e depois sussurrou, “encomende um lap-dance, é raro que ela faça, mas nunca se sabe pode ter sorte”.
Os meus olhos saiam das órbitas em cada movimento de lantejoulas, como uma pessoa de asas ela voava em redor do varão, quando mostrou os seios pequenos, eu vi as pequenas amoras e os meus lábios encheram-se de água que eu lambi com a língua, até que desapareceu nos cortinados, que oportunidade perdida.
Bebia um resto de líquido que tinha no copo, era mais água derretida do gelo, quando ela apareceu na penumbra escura do clube, e sentou-se em cima das minhas coxas, “é este menino que precisa de um aconchego?”.
Ela pôs os braços em volta do meu pescoço e eu respondi, “sou eu sim”, ela continuou, “sabe, eu hoje estou muito cansada, estou mesmo exausta, só vim mesmo porque eu te via lá ao longe e os seus olhos brilhavam, e fiquei com esta ideia louca que era por mim, sabe, estou-me sentindo em fim de carreira, os homens já não se interessam como dantes”.
Aconteceu uma coisa estranha, as palavras às vezes mudam tudo, uma espécie de tempestade varreu o clube, e apenas eu e ela ficámos naquele lugar, uma coisa que podia ser só luxúria e carnal, podia a qualquer momento virar sentimental, apertei-a forte contra o meu corpo, como se abraçasse pessoa que se ama, e disse, “fecha os olhos, descansa”, e depois sorri, “o lapdance fica para depois”.
Ela pousou a cabeça no meu ombro, e passaram só alguns segundos, o corpo dela deixou-se cair amolecido, quente e semi-nu nas minhas mãos, ainda do esforço da dança que fez, eu sussurrei ao ouvido dela, “se tem família eu deixo-te nalgum lado?”, e ela respondeu, “desculpa, meu amor, sabe, eu sou quase uma puta, e é verdade, eu não tenho ninguém, sou mesmo só eu”.
Eu disse, “levo-te hoje para minha casa se quiser, mas até me estou a sentir mal de eu estar a dizer isto”, ela riu-se livremente, “então vamos, vamos imaginar que você me engatou num bar, eu depois de manhã vou-me embora”.
Quando nos deitámos na minha cama, a minha stripper cobriu o meu corpo, pôs a mão no interruptor do candeeiro e fez um pedido estranho, “quero foder-te no escuro”, eu sorri e ela disse, “não é por pudor querido, é para perder a consciência do mundo, e sentir que estou aqui sozinha contigo”.
A boca dela tocou a minha, “agora vou dar o lapdance prometido e querido, um pouco mais de fé, vou dar-te a minha coninha, tens ar de andares perdido”, o meu pau mergulhou nela, e as amoras do peito brincaram na minha boca, e foda-se, senti-me a tremer junto de prazer simples que nunca tinha tido.
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