De omnibus Veneris Schematibus - BIOGRAFIAS ERÓTICAS
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De omnibus Veneris Schematibus

Não, não se enganem, o De Omnibus Veneris Schematibus não é um tratado, nem sobre transportes, nem sobre esquemas, nem sobre doenças venéreas. É apenas o nome em latim do grande livro o I Modi (ou De Modi - Os modos), ou também conhecido como os o Livro dos 16 prazeres, que tem uma história muito importante, e que do que se pensa na versão original só resta uma cópia algures nas caves do Vaticano.

Todos os títulos refletiam a maneira como o livro foi recebido: como um guia para a grande variedade de prazeres sexuais.

Este post será longo, mas justifica-se, as famílias andam aborrecidas, com toda esta cena corrente, de maneira que foram feitos pedidos ao Biografias para que encontrasse uma boa leitura, coisa que fosse entretenimento, mas também educação. 

E o que é encontrámos com bastante interesse para cumprir esses critérios, o I MODI, a versão renascentista da revista pornográfica, da revista que se tem para bater punhetas, e compreendendo-se a história, tanto da arte como dos homens, estamos certos que damos aqui um contributo, de prazer e conhecimento.

A história antes do Livro:

Digamos que naquela altura os aristocratas e gente rica quando mandavam construir os seus palácios gostavam muito de ter nas paredes, principalmente, nas divisões mais recolhidas, muitas pinturas de corpos nus, de homens e mulheres a foder.

Eles lá se desculpavam a dizer que as pinturas eram representações mitológicas, que não tinham nada a ver com os humanos, mas nas soirés mais divertidas lá se juntavam as mulheres e raparigas, mais pessoal do clero e da aristocracia, e ainda a criadagem, a admirar excitados aquelas obras.

E para esta situação a história começa com Giulio Romano, arquitecto, que fora contratado para construir o novo Palazzo del Te, em Mântua, por encomenda de Frederico II Gonzaga, um gajo rico e, e como referido antes, muito entendido em "mitologia", que lhe pedir que enchesse as paredes de figuras eróticas de gajas nuas e malta a foder, minetes, levar no cu, tudo.

Apesar de Giulio Romano ser um pouco contido, sem ser puritano, lá colocou nas paredes estas pinturas para gozo do Frederico e dos seus amigos e amigas.


Isto tinha que se dizer, mas nem é muito importante, importante mesmo é o que veio depois.

O Gajo Esperto que compreendia a população:

Estávamos no ano 1524, quando Marcantonio Raimondi que era gravador e se iniciava no texto impresso (coisa que tinha acabado de ser descoberto - as imagens podiam ser reproduzidas em massa, pois a técnica de gravação em placas de cobre permitia que a reprodução de obras de arte existentes fosse produzida em massa no papel.) foi ver as pinturas de Giulio Romano, e esse aí:
Marcantonio Raimondi
Marcantonio Raimondi era um grande gravador, um génio mesmo, fazia trabalhos para réis, outros outros criadores, como Rafael, com uma especialidade, era sempre gajos ou gajas nus, bacanais e orgias, heteros e gays, vejam só um bocadinho.



Isto não tinha nada demais, o importante importante foi quando percebeu que se publicasse aquilo em papel e vendesse ao pessoal fazia um monte de "papel", ou seja, de dinheiro.

Análise do Biografias: para um gajo se safar (pense-se que apesar de ser um génio era visto por réis e outros nobres como um vulgar empregado, não é preciso saber muito, basta ter a ideia certa, mesmo quando se aproveita o trabalho do outro

gravuras que se salvaram:
De omnibus Veneris Schematibus ou I Modi, ou De Modi
E foi o que fez, desenhou 16 pinturas de gajos e gajas a foder, em montes de posições que encontrou, chamou à obra o De Modi, melhor dito, dezasseis maneiras de foder, e aquilo vendia-se como pãos quentes.

 Análise do biografias: podemos dizer que Marcantonio Raimondi criou o primeiro livro, pelo menos impresso em papel, de bater punhetas e de excitação sexual.

A partir de 1524, o mundo nunca mais foi o mesmo. Naquele altura, imprimia-se de tudo, mas Marcantonio viu mais longe. Quase que podemos ouvi-lo dizer a Giulio Romano "vamos colocar isto em papel que vais ver o pessoal".

I Modi foi uma revelação. Pela primeira vez, por apenas algumas moedas, as pessoas comuns podiam apreciar o tipo de arte atrevida exibida nas paredes dos ricos e privilegiados.

O livro estava pendurado lascivamente em tabernas ou era usado como inspiração na cama. Era assim que a outra metade fazia sexo: não como um impulso de suportar ou sentir-se culpado ou como uma maneira de ter filhos, mas como algo para desfrutar e saborear. Era a antítese do que a Igreja sempre dizia à população em geral.

A Porra seguinte e que veio depois

O Livro nem sequer tinha palavras, era só mesmo gravuras (as fotografias da época) que estava a fazer tanto sucesso, que acabou por chegar aos ouvidos do Papa Clemente VII, que é esse gajo aí em baixo.
Papa Clemente VII
Ao Papa disseram que o Livro fazia desviar as ovelhas do rebanho, e de maneiras que não foi de modas, considerou o Livro amaldiçoado, mandou prender Marcantonio Raimondi e destruir todas as cópias do Livro que encontrassem, menos uma, que ficava para arquivo no Vaticano, porque tinha de ser estudado de porque razão ao vê-lo se perdiam tantas almas.

A Porra recuperada um ano depois

Marcantonio Raimondi esteve um ano preso e naquela altura as cópias do I Modi desapareceram até que apareceu o poeta Pietro Aretino que é este aí em baixo.
Pietro Aretino
Marcoantonio Raimondi queria ganhar dinheiro e tinha percebido que as pessoas gostavam da sua obra, mas Pietro Aretino, para além de poeta, compreendia o povo, e pelo que se dizia na altura, um "Flagelo dos príncipes",  porque nunca estava calado.

Pietro Aretino era um poeta e escritor satírico que tinha o favor do papa Clemente VII. Durante a candidatura de Giulio de Medici à coroa papal, o homem conhecido como "O Flagelo dos Príncipes" emprestara a sua caneta à causa dos Médici.

Análise do Biografias: há merdas na natureza do homem que o beato não consegue explicar, há pénis, vaginas e cus, que precisam de excitação para funcionar.

Ao mesmo tempo, Pietro Aretino fez uns quantos sonetos, só a falar de caralhos cus e conas, a sua grande ideia era misturá-los com as gravuras, para obterem uma versão de texto e imagem, dizia ele, excitava ainda mais a malta e vendi-a melhor.

Escrevia Pietro “eu desejava ver aquelas imagens que fizeram o Vaticano gritar que os seus criadores deveriam ser crucificados. Assim que os olhei, fiquei emocionado com o espírito que levara Giulio Romano a atraí-los ” 

Em 1526, Aretino visitou Giulio Romano trabalhando na Palazza de Te e teve o privilégio de ver as pinturas da Sala di Psyche .




Provocava Pietro Aretino na introdução, “ Venha ver isso que você gosta de foder, sem ser perturbado nesse doce empreendimento, com todo respeito aos hipócritas, eu lhe dedico estas peças, sem levar em conta as restrições escandalosas e leis asininas que proíbem os olhos de ver exatamente as coisas que mais os encantam. ”

Conseguiu que Marcoantonio Raimondi fosse solto para publicarem o I Modi pela segunda vez em 1527, agora com os poemas e as imagens, tornando esta a primeira vez que o texto erótico e as imagens foram combinados.

Um poema agora acompanhava uma imagem, imitando um diálogo entre os parceiros sexuais. Esses Sonetti Lussuriosi (Sonetos Luxuriosos) - sonetos lascivos ou sonetos de luxúria - eram bem diretos.

"Abra suas coxas", começou uma, que acompanha a imagem de um cavalheiro altamente excitado, segurando as pernas de sua dama com expectativa, " para que eu possa olhar diretamente para a sua linda ..." 

A Porra continua só que ninguém foi preso porque fugiram

O Papado viu aquilo a ser vendido, ei caralho!!, ficaram doidos, e apreenderam outra vez todos os exemplares que encontraram.

Talvez Arentino e Raimondi acreditassem que, no caso desta segunda edição, eles poderiam beneficiar dos favores do Papado e evitar a censura.

No entanto, os sonetos de Arentino para além de sexualmente explícitos, foram usados para satirizar homens de poder na época.

O I Modi, mais uma vez o Vaticano reuniu todas as cópias disponíveis e mandou-as queimar.

Desta versão sobreviveram alguns fragmentos que parece que estão no Museu Britânico, e duas cópias da primeira posição.

O Reaparecimento duzentos anos depois

Ninguém sabe ao certo, mas em 1798, um grupo de gravadores com Agostino Carracci à cabeça aparecem com um I Modi que dizem ser um dos conjuntos que sobreviveu de alguns originais de Raimondi que eles depois aperfeiçoaram.

Essa obra que é uma espécie de renascimento do livro porno, para não se confundir com o I Modi chamaram-lhe "L`Aretin d`Augustin Carrache ou Receuil de Postures Erotiques, d`apres les Gravures a l`eau-forte par cet Artiste celebre".

As gravuras e a análise explicita do Biografias Eróticas na perspectiva do adquirente renascentista (ano de 1500 a 1800), frequentador de tabernas e bordéis, que é devoto e vai à missa, tem as imagens e os versos escondidos da mulher, e está se cagando para a arte, a mitologia e tudo o resto:

Vénus Genetrix:
Vénus é a deusa romana, cujas funções abrangem amor, beleza, desejo, sexo, fertilidade, prosperidade e vitória. 

A Vênus Genetrix é um tipo escultural de representação que mostra a deusa romana Vénus semi-nua, vestida com uma seda colada ao corpo, mostrando uma das mamas, com aqueles contornos todos, na terminologia brasileira, de mulher gostosa.

Concentrem-nos na gravura e o que vemos:

a) dois gajos a soprar cá em baixo mal intencionados para fazer ricochete na esfera e levantar o vestido da mulher;
b) em vez de uma mama, agora posso ver duas mamas;
c) as mamas são perfeitas e cabem perfeitamente na palma da mão
d) a deusa tirou os pelos da racha
e) a deusa mostra a racha
f) a deusa tem uma cara e penteado da época
g) a deusa é rechonchuda e faz lembrar as mulheres mais jovens da época
h) tem uns abutres a puxar o "veículo"
i) uma coisa que parece um cinto de segurança
j) tem um cupido com pila pequena a indicar o caminho
l) tem umas coxas que são uma maravilha
m) e há um gajo velho tipo surfista lá em cima a olhar.

Com tanto detalhe para dizer ao interessado que há uma gaja boa que vai a caminho, que tem umas mamas e um rabo uma maravilha, uma racha pelada uma loucura, e que se parece com a vizinha. 

Temos de concluir que como primeira gravura é um bom anúncio para o resto.

Páris e Onione


Na mitologia grega, Páris era um dos filhos do rei de Tróia. A dada altura raptou uma gaja grega chamada Helena, dizia-se ser a mais bonita do mundo, e com isso arranjou problemas como o  caralho.

Só que antes disto, quando era pastor, conheceu esta tal Eonone, uma ninfa que adivinhava coisas, e que antes mesmo de ele conhecer a Helena lhe disse que ele a abandonaria, e ainda assim engravidou.

Haverá história mais suculenta que esta?

Vamos à gravura:

Primeiro a posição sexual, é o que se chama foda de perna cruzada ou tesoura, vejam bem as pernas traçadas, e o caralho por baixo, a atacar bem teso.

Dica da biografias: posição muito boa também para sexo anal, não esquecer que a representação à época tinha de ser homem e mulher, porras gays nem pensar

E depois muito importante também, a sustentação, a penetração é aérea, porque a posição em tesoura basta-se com pouca coisa, na gravura, como encosto apenas uma raiz e um tronco da árvore.

Aviso: gajo poderá precisar de joelheiras

O interesse erótico é óbvio, é que Páris fode a gaja mesmo ali no meio do campo, desce as calças, ela sobe o vestido, traçam as pernas, arreiam no chão e já está, há maior tesão que isto?

E depois uma gaja que adivinha e já sabe que vai ser traída, dá assim a fenda desta maneira, isto naquela época?

Angélica e Medero
O Sátiro e a Ninfa
 Júlia com o Atleta

Hércules com Dejanire

Marte e Vénus
 Culto de Príapo

António e Cleópatra
 Baco e Ariadne
 Polienos e Chrisis
 O Sátiro e a Mulher
 Júpiter e Juno
 Messalina no Bordel
 Aquiles e Briseis
 Ovidio e Corine
 Enee e Didon
 Alcibiadedes e Glycere
 Pandora
Vénus e Eros

Análise séria do biografias eróticas continua quando houver tempo .....

3 comentários:

  1. Nunca mais ouvirei a expressão "Tenha modos" como sendo algo moralista novamente. HAUHAUHAUHA Agora o "Tenha modos" terá outro significado pra mim. HAUHAUHA

    Abraço do Conde.

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  2. ////
    Adorei. Fantástico texto de história. Parabéns.

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  3. Obrigado, as posições ainda eram todos frontais fruto do pouco conhecimento da época

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