Caprichos do Sexo - Arminho de Ouro - BIOGRAFIAS ERÓTICAS
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Caprichos do Sexo - Arminho de Ouro

Primeira Parte: Ofereça-se


II. Arminho de Ouro


Luísa de Bescé era filha do Marquês Jacques Timoléon de Bescé de Yr. Todos os mais velhos da família chamavam-se Timoléon, nome que acabou por ser abreviado em todos os lugares, para que os diretórios falassem apenas de Timo de Bes.

Luísa de Bescé, na noite que cai, voltou gentilmente em direção ao castelo. Um hálito frio e húmido passou por baixo da entrada ladeada de carvalhos altos.

Havia também os barões de Bescé de Castel, ramo de um Mestre de Campo de Luís XIV, e o Bescé, sem nomes complementares, que eram apenas cavaleiros, mas com o invejável privilégio de ainda viverem na aldeia de Bescé.

Os Bescé de Yr eram conhecidos antes do ano mil. A famosa carta chamada carta dos Turons, de 896, contém o nome de um Bescé. Nós encontramos outro tendo deixado, em 1060, trinta varas de vinhas a um mosteiro construído sob a égide do santo Gregório.

Um barão de Yr veio da Terra Santa com Baudouin e viveu quinze anos em Constantinopla. Em 1385, um Marquês de Bescé d'Yr administrava a Ilha-de-França. Este chamava-se Eudes.

O primeiro Timoleon data de 1490. Ele era um feroz guerreiro, suspeito de não acreditar na Santa Igreja Católica, mas que uma imensa fortuna e uma coragem comprovada fizeram respeitar toda a sua vida. A partir de então, o Timo de Bescé d'Yr, rico de um marquesado, ocupou até à Revolução as primeiras fileiras em torno de reis sucessivos.

Vimos um na intimidade de Henrique IV, então de Luís XIII. A inimizade de Richelieu não impediu a ascensão da casa poderosa, que já mostrava o seu desprezo pelos padres, fossem eles cardeais. Durante o reinado de Luís XIV, um Timo de Bescé permaneceu embaixador em Viena por dez anos. O seu próprio filho assumiu, no início do século XVIII, a formidável carga de superintendente das finanças, então em más condições. As suas cartas foram publicadas. Ele tratou a viúva Scarron com um desprezo magnífico.

Em 1720, os seus dois filhos estavam entre os camaradas que estavam nas ideias do regente. A partir de então, o Bescé d'Yr passou pelas fileiras filosóficas. Eles estão totalmente revoltados contra esta monarquia que lhes cobra os seus favores.

Antoine Timo de Bescé fez, em 1789, parte dos Estados Gerais. Ele é, com um Montmorency, o promotor da noite de 4 de agosto. Encontra-se ligado a Robespierre em 1793. Convencional, ele vota a morte do rei e ele sem dúvida teria morrido no cadafalso se ele não estivesse em missão em Madrid perto de Godoy, o Príncipe da paz.

Mudou-se então para Nápoles, sempre mais revolucionário à medida que a Revolução mudava de face. Último da sua raça, ele parecia ter que enterrá-la, quando, em Veneza, se casou em 1799 com uma Dandolo, herdeira de trinta foros. Ela deu-lhe quatro filhos.

Ele voltou para França em 1807 e recolheu-se nas suas propriedades. A partir deste momento, os Timo de Bescé não são mais, até 1880, do que os grandes latifundiários em torno dos quais uma lenda trágica reina.

Duas meninas fogem da sua família no fim do Segundo Império para casar com pessoas de nada. Um filho de Serte em 1883, partiu para a Argentina, onde fez uma imensa fortuna, depois morre assassinado.

O pai de Luísa de Bescé presidiu ao conselho de administração do Banco Central. Era um homem forte, com o rosto daqueles terríveis esgrimistas do século XVI, que afetava feições de maneira efeminada. Uma barba pontuda e cabelo maluco fazia-o parecer aquele Gast que era o amante da rainha Margarida e que teve que ser morto na cama para ter a vida dele. 

Luísa de Bescé tinha dois irmãos, um deles, que já havia se tornado aos vinte e cinco anos, um financista desonesto, sob a direção de seu pai; o outro, tomado com entusiasmo pela aventura, colonizou entre os canibais de Nova Zâmbia, e talhou lá uma espécie de reino.

A família usava no escudo arminho com faixa de ouro, dois falcões afrontados, encimados de um elmo de prata, pintado na frente, e com nove barras. Este era favor único, porque todos os marqueses da França estampam as suas armas com um elmo de sete barras, que lhes deu o posto de duques não soberanos.

Luísa de Bescé, na noite que cai, voltou gentilmente em direção ao castelo. Um hálito frio e húmido passou por baixo da entrada ladeada de carvalhos altos.

Os sons leves de vidas misteriosas que começam a agir após o desaparecimento do sol manifestaram-se em redor dela. Eram pequenos choros, deslizes e frissons da relva agitada. No céu, as estrelas desenhavam as suas misteriosas figuras. A areia gritava sob os pés da menina meditativa. 

Luísa vislumbrou, através da folhagem, as manchas douradas das janelas iluminadas pela fachada do castelo erguido na sua enorme massa no centro de um relvado enorme onde caminhos curvos serpenteavam.

Criada no tradicional orgulho que os Bescé uniam numa liberdade considerada excessiva por pessoas sensatas, a jovem foi corajosa, tímida e fria ao mesmo tempo, com, no fundo, um tumulto secreto de paixões ocultas violentas.

Ela era culta. Foi-lhe dada educação de uma senhora agregada da Universidade, demitida pelo governo por ter publicado um livro sobre a imoralidade da história da França. Luísa poderia ter feito, como todos os adolescentes de sua idade movidos pela vaidade, bacharelado ou até mesmo ser advogada, cujo retrato seria publicado na ilustração e que daria palestras sobre o sufrágio feminino.

Mas o Marquês de Bescé havia dito: "Só existem tolos e as pessoas comuns para reivindicar diplomas. Nós sabemos, ou nós não sabemos; fazemos ou não. Só o ato conta.".

Nenhum dos filhos desta família altiva sofreu, portanto, exame por um século. Todos eles, no entanto, eram de espírito livre, humanistas e até estudiosos. Luísa, como os seus irmãos, tinha aprendido a conhecer e não a possuir certificados.

Na sua mente, duas influências lutavam constantemente: a de um pai transbordante de orgulho e vontade, que tinha qualquer ato por justificado nesta única contagem de que foi praticado por alguém da Casa de Bescé, e a de uma mãe meio místic, devota de Jean-Jacques Rousseau e dos seus descendentes espirituais. 

Luísa de Bescé voltava ao castelo, meditando. O espetáculo amoroso que ela acabara de presenciar causou apenas breves revoltas íntimas. Ela se segurou também acima da plebe camponesa para que tais atos grosseiros pudessem ofendê-la.

Ela também era casta, isto é, desprovida de todo o vício. Aos dezoito anos, ela ainda ignorava o toque do sexo pelo qual muitas adolescentes acalmam uma febre não reconhecida e desejos desenvolvidos pela puberdade.

Ela ainda tinha pouco prazer em se ver nua e nada a incitava a essas carícias que as meninas concordam sozinhas, imaginando que um amante invisível passa a palma cautelosa sobre os seios nascentes, sobre a barriga lisa, na garupa já forte, em cujas axilas o cheiro é inebriante para os voluptuosos, e para as conexões coxas, ao longo do períneo onde a pele fina esconde arrepios tão adoráveis. Luísa de Bescé ainda não conhecia os pruridos da vulva.

Essa calma fisiológica era fruto da sua vida equilibrada. arejada, repleta de jogos desportivos, caminhadas, leituras e de atos em que só a inteligência reinava. Mas ela tinha acabado de ver coisas incríveis. Um livro, encontrado no sótão do castelo, muito mal tratado certamente pelos ratos, mas intacto o suficiente para contar o segredo das suas imagens, certa vez lhe ensinara a teoria do que ela acabara de assistir.

Foi o De Figuris Veneris de Karl Forberg, um sábio de Cobourg, que fez a antologia classificada dos vários comportamentos amorosos. Uma estampa ilustrou o capítulo intitulado: Da Fornicação.

Vemos uma mulher de quatro patas, influenciada por um homem nu. Mas todo o mundo sabe que os artistas inventam mil impossibilidades. Luísa de Bescé tinha levado isso para uma palhaçada destinada a encantar o leitor. Ela entendeu agora que esta tomada de possessão, imitada dos animais, permanece também um ato humano. Mas que prazer poderia ter o ator masculino, de pé e movendo-se ritmicamente?

A jovem sabia que o prazer existe. Ela conhecia alguns órgãos, porque não se vive no campo sem ver os animais praticando o seu acasalamento e sem relatar o que fazer com as realidades do amor humano.

Ela sempre imaginou porém que os amantes devem, na intimidade de um lugar fechado e confortável, amar uns aos outros de outra forma, com langor e sem fadiga, sobretudo sem trabalho, e sem esta trágica fixidez dos dois personagens que ela acabara de surpreender.

Quanto ao ato da mulher, completando com os lábios uma voluptuosidade parando no meio do caminho para a casa do seu parceiro, pareceu-lhe quase naturais. Quem teria seguido nesta alma jovem e fresca esses raciocínios, não poderia ter recusado a Luísa de Bescé a capacidade de entender tudo com clareza, numa realidade muito complexa.

De fato, ela estava ciente de que o ato de amor envolve a penetração do sexo feminino pelo pénis masculino. O prazer em resultado. No entanto, parece óbvio que a boca pode substituir a bainha da virilha. Neste caso, a mulher provavelmente não deve sentir nada e age com altruísmo. É apenas sobre deliciar um parceiro. Tal escrúpulo, no entanto, a surpreendeu, pois os camponeses não eram delicados nem, sem dúvida, realmente voluptuosos.

No entanto, uma mulher sempre quer provar que ela supera os seus homólogos. Assim, comumente vemos os amados, ainda castos de coração e corpo, para saciar, com o passo mesmo o mais debochado, a atos vis ou dolorosos e isso só o amor mais incandescente explicaria.

A luta dos sexos deve ser lida como um esforço de todos para acreditar no outro que ele traz o que o amor pode imaginar mais perfeito. O macho, cuja força física traz mais vento, vendo-se incapaz de encher o vaso sem fundo do prazer feminino, fez com que o prazer das mulheres fosse defendido pela boa sessão, caso a moralidade seja insuficiente.

Mas a mulher procura justamente dar ao companheiro uma qualidade de felicidade superando-o na maioria das práticas sexuais. Anormal é a ação de quem não ama. A imaginação e o orgulho inspiram neles o que o desejo sozinho não pode inventar. Essas ideias não foram precisamente formuladas na mente da jovem Luísa de Bescé. Ela teve um pressentimento delas porque ela raciocina. 

De repente Luísa, na noite total, ouviu não muito longe dela palavras leves. Ela parou. Os sussurros continuavam. Ela aproximou-se lentamente desses ruídos, tomada por curiosidade. Entre duas árvores, havia um banco de relva. As trevas eram grandes demais para ver o que estava acontecendo lá, mas Luísa adivinhou... 

Um dos seus primos, morando no castelo há um mês, devia, a dois passos de distância, acolher uma camareira. A jovem acabara de ver por quais caminhos uma mulher dotada de um temperamento ardente, e sem dúvida insatisfeito, consegue no entanto, vir a ser satisfeito. 

Os dois camponeses de antes deixaram, portanto, de lhe parecer vítimas do acaso lascivo. Na verdade, a mulher teve que planear o caso cuidadosamente. Sem dúvida, na privacidade do lar, o macho teria sido mais resistente. Levou um conjunto de circunstâncias surpreendentes, a noite caindo, a melancolia do crepúsculo e a excitação das palavras, complementado pelo gesto provocativo de uma mão lasciva, para dar à mulher uma espécie de direito sobre o seu companheiro.

Talvez toda essa comédia fizesse sentido de alguma forma esotérica, abrindo sobre as perspetivas da psicologia a pensamentos sexuais amplos e poderosos. Luísa de Bescé, no entanto, ouviu os sussurros dos dois amantes abraçados no banco de relva. Com um vozinha, a mulher disse: "Não ! Eu não quero."

O homem, com falta de ar e voz já rouca, responde: "Mas se... mas se...". O que foi isso? Luísa ia ver uma nova cena complementar à do terraço? A voz masculina continuou: "Aqui... você vê... é isso!...". Nada respondeu a não ser uma espécie de gemido.

Houve apenas suspiros e pequenos gritos abafados, com uma respiração acelerada que acabou soando como um chocalho da morte negado e pelo qual Luísa se perguntou o motivo. Ela ali com uma lâmpada elétrica, ela teria alguma forma, para satisfazer a sua curiosidade, lançar a luz sobre o grupo se contorcendo, tão perto, com gemidos crescentes.

Mas o acaso a serviu. O local é recuado, na grande entrada que leva à porta central e à grande escadaria do castelo. O automóvel do marquês, chegando pela estrada oposta à sua, a que leva a Tours, ouvia-se ao longe. Ela estava lá rapidamente e, com um desvio, parou e com os faróis, em direção às árvores, iluminou o casal de prazer.

Certamente, os dois amantes não esperavam isso. Também que ninguém podia vê-los do castelo, eles apesar do prodígio, ficaram confusos. Mas Luísa teve tempo de vê-los por um segundo no acasalamento que os fazia delirar de alegria interjetiva. 

A mulher, sentada no homem abraçou os seus quadris com as pernas nuas. Os dois encararam-se e trocaram beijos ardentes. Quando eles se separaram, Luísa viu a virilidade do seu primo, afilado e esguio, muito diferente do membro de um jumento. Essa visão durou apenas um relâmpago, porque o casal fugiu rapidamente em busca de um canto escuro, para ter o seu prazer em paz.

Assim, havia, de facto, como dizem os livros, várias posições puras capazes de dar prazer. Esta parecia mais lenta e menos animal que a primeira. Então veio à mente da menina essa ideia de que a variedade de posições na frente da unidade da sensação procurada teve que partir da obstinada insatisfação dos amantes. 

E a curiosidade já a inspirou com o desejo de experimentar os vários modos desse ato gerador de prazer.


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